Bem Vindo

A chegada da era da informação prometia um mundo mais limpo, livre de toneladas de papel e materiais desnecessários. Em lugar de equipamentos cheios de graxa e tinta, como máquinas de escrever ou mimeógrafos, as pessoas passaram a usar computadores cada vez menores. Os filmes fotográficos, que necessitam de substâncias químicas para ser revelados, vão sendo substituídos por versões digitais. Mas, ao contrário do que se imaginava, as lixeiras do mundo continuam crescendo. É um novo lixo digital, tão ou mais tóxico que as peças e engrenagens descartadas pelas máquinas das décadas passadas.

lixo.JPG

Um simples chip eletrônico, menor que a unha de um mindinho, exige 72 gramas de substâncias químicas e 32 litros de água para ser produzido. ''O condado de Santa Clara, na Califórnia, o berço da indústria de semicondutores, contém mais zonas de lixo tóxico que qualquer outra região dos Estados Unidos'', explica Radhika Sarin, ativista da organização ambiental Earthworks. O governo americano estima que três quartos de todos os micros que já foram vendidos no país estejam jogados em porões, esperando por um destino final. Os que vão para o lixo terminam em aterros sanitários ou incineradores. Cerca de 70% dos metais pesados dos aterros vêm de lixo eletrônico. A incineração despeja na atmosfera substâncias tóxicas e cancerígenas, como as dioxinas. Para se livrar delas, o Primeiro Mundo envia seus computadores velhos para desmanche na Índia, na China e no Paquistão.
O crescimento exponencial da quantidade de aparelhos vendidos - e também descartados - é o que mais preocupa no lixo digital. O número de computadores pessoais no mundo cresceu cinco vezes de 1988 a 2002. Hoje, são mais de 500 milhões. Mas além deles há 1,14 bilhão de celulares, que não passam de computadores de bolso. No Brasil, o número de aparelhos obsoletos também cresce. A empresa Itautec Philco, uma das principais fabricantes, calcula que sejam descartados 3 milhões de computadores todo ano. Só o que eles contêm de chumbo (um metal pesado) em soldas, baterias e circuitos integrados é o equivalente a 1.900 toneladas. Estima-se que até 1999, no Estado de São Paulo, 12 milhões de baterias de celulares já tinham ido para o lixo. O Ministério do Meio Ambiente acredita que, entre 1996 e 1999, tenham sido descartadas, em todo o Brasil, 11 toneladas de baterias. Cerca de 80% delas tinham a combinação de níquel e cádmio, a mais tóxica.

Unless otherwise stated, the content of this page is licensed under Creative Commons Attribution-ShareAlike 3.0 License